domingo, 9 de março de 2014



A PEDAGOGIA DO MST E OS DESAFIOS DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Org: José Ronaldo

 As raízes históricas da pedagogia do MST

Na década de 1840 começaram a surgir elementos de uma concepção marxista de educação, fato comprovado em muitas obras de Marx e Engels como por exemplo: O Capital, cap. XIII; A Ideologia Alemã, vol. I, parte I; Crítica ao Programa de Gotha, IV; e Princípios do Comunismo, de Engels.

Estas obras foram apenas tomadas como base por pedagogos e estudiosos da educação que posteriormente formularam uma teoria mais coerente sobre a chamada educação marxista. Grande impulso para que isto ocorresse foi dado pela Revolução Russa de 1917 (Revolução de Outubro), onde o partido bolchevique, capitaneado por Lênin, toma o poder e começa a colocar em prática o ideário marxista em toda a Rússia (que em 1922 se transforma em União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS).

Lênin defendia a teoria marxista da educação como, essencialmente, uma teoria da prática. Queria a formação de um novo homem para a sociedade socialista: que saiba comandar e se subordinar aos companheiros, que seja trabalhador e culto. Para que atingisse este intuito considerava prioritária a educação e a instrução.

Relataremos a seguir as idéias de alguns dos principais educadores marxista-leninistas que participaram da construção educacional da Revolução Russa.

Anton Semionovich Makarenko Pedagogo e escritor ucraniano educou crianças marginalizadas, órfãs e abandonadas, na Colônia Gorki (1920-1928) e na Comuna Dzerjinski (1927-1935) na URSS.

Defende como objeto da educação a coletividade escolar e não mais a criança isolada; defende a tese da criança concreta (diferentes crianças com suas marcas históricas, sociais, culturais e psicológicas, uma educação das diferentes personalidades) contra a tese da criança abstrata (como um ideal a ser alcançado), como pretendia Claparède e Tolstoi.

A escola de Makarenko tinha um espaço amplo, aberto, em contato com a sociedade (não ficava isolada, participava da luta dos trabalhadores) e a natureza; todos tinham que seguir o objetivo traçado coletivamente por professores e alunos, relacionando com as necessidades sociais de cada momento histórico numa constituição dialética da coletividade; o que significava planejar, racionalmente, os passos para o funcionamento da autogestão.

Na Colônia Gorki, que chegou a ter mais de 500 colonos, havia um Conselho Pedagógico (formado por educadores e educandos mais antigos), normas disciplinares, tribunal popular (onde se convocava a Assembléia Geral para julgar casos de indisciplina) e coletivos para específicas atividades como o coletivo das finanças, da cultura, etc.; o trabalho e o estudo eram obrigatórios.

Existia uma disciplina militar, com destacamentos para ocupações de estrada (para proteger a vizinhança de roubos) e até mesmo de terras (para lutar contra o latifúndio improdutivo e para cultivar uma horta coletiva), os estudantes uniformizados formavam fileiras de tropas marcadas pelo ritmo de cornetas e tambores que marchavam com bandeiras em punho e entoavam cantos e gritos de guerra.

Havia recompensas para os estudantes que se destacavam como, por exemplo, um pagamento de um salário e a entrada na Faculdade Operária (Rabfak).

Na Comuna Dzerjinski em Kharkov, onde existia mais de 100 colonos, foi implementada o plano de industrialização de Stalin onde Makarenko executou, juntamente com o estudo, o trabalho monotécnico baseado no fordismo e no taylorismo onde os educandos não obtiveram um conhecimento amplo do modo de produção restringindo-se apenas às necessidades do aumento da produtividade para obedecer as normas do Estado Soviético.

Já Anatoli Lunatcharski  Educador russo, comissário do povo para a cultura e educação no primeiro governo da URSS. Defendia que o professor tinha que ser eleito e controlado pela população que era organizada em comitês ou em sovietes, esta assumia a direção suprema da escola.

Na condição de comissário liquidou os restos do antigo aparelho, suprimiu a função de procuradores dos distritos, de diretores e inspetores da escola, proibiu o ensino do catecismo (eliminando o latim dos programas), revogou os certificados de maturidade, substituindo-os por certificados de fim de curso, suprimiu as notas e introduziu o ensino misto.

Pregava a escola do trabalho onde o trabalho seria matéria de estudo, isto é, como ensino de técnica em seu conjunto. Este trabalho seria coletivo, baseado na autogestão cooperativa. Diferente de Makarenko, impunha nas escolas o trabalho politécnico, onde as crianças e adultos aprenderiam diversas técnicas como agricultura, marcenaria, contabilidade, etc.

Além disso, defendia a educação estética, onde a tarefa fundamental do homem é a de tornar belo a si mesmo e a tudo o que o rodeia - ligada à técnica e à física. As crianças, seguindo esta orientação, tinham plena liberdade na organização das sociedades consagradas às ciências, à ginástica, à música, ao teatro, na criação de toda a espécie de revistas, de clubes políticos etc.

Achava que a criança deveria ser educada para cooperar na sociedade, aprendendo as noções de liberdade, de igualdade e do que venha a ser uma sociedade livre. Defendia que os professores nunca deveriam inculcar nas crianças o espírito socialista combativo, com o passar do tempo as próprias crianças adquiri-lo-iam naturalmente.

Estabeleceu um plano de educação para os adultos que envolvia alfabetização plena (o Império Russo não tinha um sistema nacional de ensino até o final do século XIX e início do século XX: 71% dos homens e 87% das mulheres eram analfabetos), intensificação nos ensinos primário e secundário, criação de uma Faculdade Operária (Rabfak) e incentivo à instrução extra-escolar com abertura de cinemas, apresentações teatrais, criação de bibliotecas, todos com entrada gratuita.

Por último, fez valer a escola única que era a típica escola do socialismo onde nela estudaria todas as classes sociais (proletários, camponeses, profissionais liberais ou filhos destes), utilizando os mesmos métodos de ensino.

Lev Semenovich Vygotsky Psicólogo e pedagogo russo, trabalhou no Instituto de Psicologia de Moscou. Vygotsky observa que a diferença entre educador e educando é primordial e deve ser nítida. A diferença entre saber fazer e não saber fazer algo, não pode estar tão próxima que permita o educando agir sozinho, pois já sabe e assim nada aprender. E nem tão distante que impeça o educando de agir, por não o conseguir fazer. É importante a interação de algo (cenário) ou alguém que estimule o educando através de desafios que podem ser superados, paulatinamente.

A produção de um ambiente educativo parte da premissa de que nada deve acontecer por acaso ou sem intencionalidade pedagógica. Foi assim que Vygotsky formulou seu conceito de Zonas de Desenvolvimento que podem ser Real, Potencial e Proximal.

A Zona de Desenvolvimento Real acontece quando as etapas são alcançadas e consolidadas pelo educando, isto é, quando o educando cumpre a tarefa proposta sem nenhum tipo de ajuda.

A Zona de Desenvolvimento Potencial acontece quando o educando realiza uma tarefa, que não consegue fazer sozinho, mas a realiza com a ajuda de outra pessoa (podendo ser um educador ou um educando que realmente saiba realizar a tarefa).

Já a Zona de Desenvolvimento Proximal é a distância entre as duas anteriores (a Real e a Potencial) e que o educando consegue realizar a tarefa percebendo apenas as motivações do meio.

Vygotsky dava importância a este meio como ambiente educativo onde se desenvolvia o chamado materialismo psicológico (baseado no materialismo dialético) onde se afirmava que a consciência procede da experiência, tem um caráter secundário e depende, psicologicamente, do meio. Parafraseia, então, Marx e Engels, explanando que a experiência determina a consciência.

Nadezhda Konstantinovna Krupskaia,Educadora russa, era a esposa de Lênin. Foi vice-comissária do povo para a cultura e educação, trabalhando juntamente com Lunatcharski.

Defendeu a necessidade da escolarização dos filhos dos trabalhadores como tarefa de ampliação da educação, antes colocada como tarefa única e exclusiva das mães. Por isso, luta arduamente pela criação de pré-escolas e de creches gratuitas.

Pistrak ,Educador russo. Foi o criador e grande entusiasta da chamada Escola do Trabalho onde compreendia o trabalho como a atividade específica do ser humano, orientada para a transformação da natureza, auxiliado por instrumentos de trabalho, para que assim possa satisfazer suas necessidades, mas, que ao transformar a natureza, transforma a si mesmo, a sua atitude frente a natureza, frente aos outros seres humanos e frente a si mesmo, mudam suas idéias, seus ideais, e sua possibilidade de conhecer e transformar a realidade. Defende assim, a reflexão no momento do trabalho sobre o que se faz e como se faz para que possa, desta maneira, produzir sujeitos sociais e culturais.

No MST a questão da educação começa em julho de 1987, na cidade de São Mateus (ES) onde aconteceu o Primeiro Encontro Nacional de Professores de Assentamentos, o MST constituiu um setor específico para tratar dos desafios ligados à questão dos direitos à educação dos trabalhadores rurais sem terra. Segundo o MST, este setor está organizado em 23 Estados, formando um universo de 1800 escolas de ensino fundamental, nos quais 160 mil crianças e adolescentes estariam frequentando. Trabalhando diretamente com estas escolas são cerca de 3900 educadores, além dos 250 educadores que trabalham na?Cirandas Infantis, Destinadas à educação de crianças com até seis anos de idade. O Movimento mobiliza ainda cerca de três mil educadores na alfabetização de jovens e adultos, envolvendo aproximadamente 30 mil alfabetizandos.

As principais características da pedagogia do MST são as seguintes: Para a educação infantil há as chamadas Cirandas Infantis, onde os educadores organizam o conjunto de trabalho que vão desde o período de gestação dos bebês até atividades com as mães, dialogando com estas as maneiras de educar o filho. As crianças participam de brincadeiras, jogos, ouvem música, assistem filmes e participam até mesmo de marchas para reivindicar melhores condições para o MST, a chamada ?Marcha dos Sem Terrinha?.

 Para o ensino fundamental e médio os educadores organizam várias reuniões com os assentados/acampados, juntamente com seus filhos/as, a comunidade e também o secretário de educação do município ou do Estado para que possam organizar a escola a partir das necessidades locais e coletivas buscando a criação de um currículo que atenda as necessidades do campo. Todas estas escolas do MST são públicas e a maioria é reconhecida pelos Conselhos Municipais e Estaduais de Educação e pelo MEC (Ministério da Educação).

 Para o ensino superior, a partir de 1998 o MST começou a fazer parcerias com Universidades para a implementação do Curso Superior de Pedagogia (Pedagogia da Terra) com currículo voltado para o campo com matérias sobre produção, história do campo, método de aprendizagem com ferramentas de trabalho, etc; tendo em vista a formação de professores (em sua esmagadora maioria acampados/assentados). Cursos também com a aprovação do MEC.

 A organização da escola segue uma linha do Conselho Pedagógico (formado por educadores) tendo como base os princípios do Coletivo Nacional de Educação do MST (instância máxima do setor de educação). Os alunos são divididos em núcleos que geralmente são batizados com nomes de trabalhadores/as que tombaram na luta pela terra. Cada núcleo tem um grito de guerra, há um revezamento entre eles no que concernem as atividades da escola (jardinagem, limpeza, preparar refeições, etc.) e há uma gestão democrática onde os membros dos núcleos têm direito a opinar e a decidir.

 A ocupação de terra, as fileiras organizadas na Marcha dos Sem Terra, as bandeiras, as músicas, os gritos de guerra, as fotos de revolucionários, as apresentações teatrais (místicas) são consideradas matrizes não só organizativas do MST, mas fundamentalmente matrizes pedagógicas, implicando na compreensão do Movimento como lugar de formação de sujeitos sociais.

 A coletividade num trabalho de auto-organização da escola com o intuito de preservá-la, a capacitação com a aprendizagem do trabalho, em especial, o trabalho cooperativo, processos educativos interagindo com processos políticos e econômicos, a realidade como base da produção do conhecimento e a relação entre teoria e prática;

 Luta contra o analfabetismo, pois de acordo com o Censo da Reforma Agrária de 1997, realizado pelo INCRA há um índice de 30% de jovens e adultos analfabetos nos assentamentos, uma realidade que chega a mais de 80% em algumas regiões.

É bom ressaltar que por ser tratar de um Movimento nacional que cobre 23 Estados estas características não são homogêneas havendo um desenvolvimento vistoso em alguns Estados, como os da região Sul e uma situação periclitante em outros Estados, como os da região Norte.

 Comparação entre a pedagogia marxista-leninista e a pedagogia do MST

Analisaremos esta comparação em três pontos principais: o contexto histórico, o ambiente escolar e o ambiente extra-escolar.

 Contexto histórico

Podemos começar esta análise comparativa observando o contexto histórico de cada época. O contexto histórico em que vigorou a pedagogia marxista-leninista era totalmente favorável para a aplicação deste método de ensino pois atuava no clímax da Revolução Russa que até mesmo exigia uma educação com esta ideologia. O Estado Soviético disponibilizou a segunda maior receita do PIB para a educação e criou uma Faculdade Operária para os trabalhadores e camponeses.

Ao contrário, o MST atua num contexto histórico totalmente desfavorável, o Estado não ajuda a construir escolas nos assentamentos muito menos envia recursos e só as aprova oficialmente depois de muita pressão por parte do movimento, incluindo ocupações de secretarias e ministérios.

 Ambiente Escolar

Damos o nome de ambiente escolar à maioria das ações pedagógicas que são realizadas dentro da escola, como nas salas de aula, nos campos, nos ginásios, nos jardins, nos pátios; enfim, ações que são realizadas em seu ambiente.

Sob o aspecto do ambiente escolar há muitas semelhanças entre o MST e as escolas marxistas tais como o convívio coletivo, a autogestão, a participação democrática, a educação estética, a escola do trabalho, a disciplina, a assembléia geral, os professores afinados com a ideologia do Movimento, as zonas de desenvolvimento na aprendizagem, as creches gratuitas (cirandas) e a alfabetização de jovens e adultos.

 O convívio coletivo, a autogestão e a participação democrática

O convívio coletivo, a autogestão e a participação democrática são conceitos indissociáveis no MST assim como nas escolas do Estado Soviético. Sobre a coletividade, o MST se espelha principalmente no que Makarenko dizia: a pedagogia socialista deve centrar sua atenção na educação do coletivo e aí, sim, estará educando o novo caráter coletivista de cada aluno/a em particular, seguindo como objeto da educação a coletividade escolar. Podemos citar como exemplos neste sentido a construção da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) na cidade de Guararema (SP), onde operários e camponeses sem-terra a construíram num processo de mutirão e sem receber nenhum tipo de pagamento durante um período de quatro anos e meio.

A autogestão é caracterizada pelo MST no que concerne à formação de coletivos responsáveis pela organização e limpeza das escolas tal como as escolas marxistas. Há coletivos de limpeza, esporte, cultura, finanças, etc.

A participação democrática é exercida de maneira integral pelos membros destes coletivos aptos a opinar e decidir sobre os rumos da escola respeitando os princípios do MST.

 A educação estética

A educação estética, assim como pregava Lunatcharski, é realizada pelo MST no trabalho por uma alimentação boa e saudável, pelo conteúdo das noites culturais (resgatando a cultura popular e a história de luta no campo), pela limpeza dos espaços de circulação, pela higiene e postura das pessoas, pelo ajardinamento exterior e pelo embelezamento dos ambientes da escola (flores, painéis, quadros,...).

 A escola do trabalho

O MST também realiza em seu ambiente educativo as chamadas escolas do trabalho concebidas na Revolução Russa por Pistrak e Lunatcharski. Tal fato se evidencia no Movimento pela diferenciação entre capacitação e ensino. Enquanto este visa a formar o educando pela teoria com o ensinamento proporcionado pelas aulas, àquela visa ao preparo das pessoas para atuar como sujeitos de suas ações e de intervenções concretas na realidade, unindo assim, a teoria com a prática. Como exemplos podemos citar a agroindústria, a marcenaria e o mercado de produtos do MST existentes em algumas escolas dos sem-terra onde visa um processo produtivo socialmente dividido e o aprendizado da dura lógica do mercado com a reflexão e a interação com a natureza.

 A disciplina

Sobre a disciplina, o MST tem muitas semelhanças com a Comuna Dzerjinski de Makarenko e com a sociologia leninista. A similitude com a primeira condiz com a atuação do Exército Vermelho de Trotski que ajudava o professor Makarenko exercendo e ensinando a disciplina no trabalho e organização da escola ficando como exemplo a ser seguido pelos alunos. Com a sociologia leninista ressalta-se o esforço pela formação do novo homem, que tenha uma formação humanista e socialista interagindo na realidade na defesa dos explorados com disciplina austera e consciente, sacrificando até a vida pela luta por uma revolução brasileira.

 A Assembléia Geral

Existe também a Assembléia Geral que julga os casos de indisciplina no MST assim como o Tribunal Popular nas escolas marxista-leninistas com penas que vão da advertência à expulsão.
6.2.6) Os professores:

Lunatcharski exigia que os professores tinham que ser eleitos e controlados pelas comunidades para que mantivessem, inflexivelmente, o ideal socialista. Nas primeiras escolas conquistadas pelo MST junto aos municípios ou aos estados eram designadas para essas áreas professores/as da rede oficial de ensino que muitas vezes lecionavam com uma visão bastante preconceituosa em relação aos sem-terra acusando-os de serem ladrões de terra, que ocupar era crime e outras acusações de mesmo nível. Houve uma grande discussão no MST sobre quem deveria dar aulas nas escolas dos acampamentos/assentamentos, já que os professores que não têm conhecimento sobre o Movimento não estavam dispostos a trabalhar numa rotina de conflitos que acontecia nestas escolas. O MST chegou à conclusão de que era preciso se preocupar com a formação e escolarização dos próprios militantes para que estes pudessem se tornar professores. Com este intuito foram criadas várias turmas de Magistério do MST com parcerias com fundações, municípios e estados e há, atualmente, em todo o país, 18 Cursos de Pedagogia da Terra em nível superior com parcerias firmadas com Universidades para que estes militantes tenham ideologia e conhecimentos sólidos para lecionar nas escolas do MST. Assim, não deixa de ser uma forma de controle da comunidade sem-terra para com os professores, como propagado por Lunatcharski.

 As zonas de desenvolvimento

Sobre as zonas de desenvolvimento pregadas pelo psicólogo e educador Vygotsky ressalta-se a importância que a educação do MST remete especificamente à zona de desenvolvimento proximal para chamar a atenção para a questão da aprendizagem e a interação das pessoas em vista da produção do conhecimento. Como vimos ela é a distância entre o desenvolvimento real de um educando e um aprendizado que ele pode alcançar com a ajuda de um educador e/ou de outros educandos que já dominam este aprendizado. Temos como exemplo a formação de grupos de estudos onde participam educandos com diferentes níveis de aprendizagem, para que possa haver a maior interação possível fomentando a realização de trabalhos em conjunto. O MST caracteriza este trabalho com a passagem do ensino-aprendizagem (centrada no repasse de informações e no despejamento de conteúdos) para a aprendizagem-ensino (preparar o caminho para que todos possam produzir o seu conhecimento e de como aplicá-lo na vida).

 As pré-escolas e creches

A educação do MST também é embasada na idéia de Nadezhda Krupskaia com relação à criação de pré-escolas e creches gratuitas. Já que o MST é um movimento que acampa/assenta famílias, é óbvio que nestas famílias o número de crianças é bastante significativo, por isso há a criação de creches e pré-escolas nos acampamentos/assentamentos que são denominadas pelo Movimento de Cirandas Infantis onde as crianças desenvolvem atividades lúdicas com a finalidade de entender o ambiente onde vivem.

Mas diferentemente do pensamento de Lunatcharski e da própria Krupskaia (Que eram os comissários do povo para a educação na URSS), o MST já inculca, mesmo que de uma forma discreta, o pensamento socialista nas crianças ensinando, por exemplo, gritos de guerra como: Bandeira, bandeira, bandeira vermelhinha, o futuro da nação está nas mãos dos sem-terrinha? e canções infantis que retratam a luta de classes , a divisão de bens (cooperação) e a luta por um país igualitário.



O analfabetismo

Sobre a luta contra o analfabetismo de jovens e adultos as escolas do MST, hodiernamente, têm praticamente o mesmo desafio do Comissariado do Povo para a Cultura e Educação no início da Revolução Russa, basta observar os índices de analfabetismo: no início da Revolução Russa (1917) 71% dos homens e 87% das mulheres eram analfabetos e hoje, em algumas regiões de nosso país onde moram acampados e assentados sem-terra, o índice de analfabetismo ultrapassa os 80%.Foram construídas várias escolas de alfabetização nos acampamentos/assentamentos para destruir esta mazela, são 3.000 educadores alfabetizando 30.000 trabalhadores rurais sem-terra. Os alfabetizandos aprendem com o método do educador Paulo Freire, que não deixa de ter características marxistas, pois é utilizada a educação popular ou pedagogia do oprimido onde os trabalhadores reconhecem e assumem um compromisso de classe e tem como metodologia a ligação indissociável da teoria com a prática.

 O ambiente extra-escolar

Damos o nome de ambiente extra-escolar à maioria das ações pedagógicas que são praticadas fora do âmbito da escola, como as ocupações de terra, as marchas e a pressão sobre os governantes. Tanto as escolas marxista-leninistas quanto as escolas do MST consideram estas ações importantíssimos aprendizados.

 As ocupações de terra e as marchas

Neste aspecto, as ocupações de terra e as marchas promovidas pelo MST devem ser comparadas com as realizadas pelos educandos da Colônia Gorki que contavam com a direção do pedagogo Makarenko.

No início da Revolução Russa ainda havia vestígios de feudalismo e, por isso, ainda era preciso lutar contra os chamados kulaks que eram os fazendeiros ricos que possuíam latifúndios improdutivos e que exploravam os camponeses miseráveis.

O Estado Soviético havia concedido à Colônia Gorki, que ficava na cidade de Poltava, o direito de posse das terras da fazenda Trepke (próxima a Poltava) já que esta estava abandonada pelos irmãos Trepke e a Colônia estava com planos de transformar os educandos em agricultores para possibilitar a reforma agrária. Antes da chegada dos colonos, os kulaks invadiram a fazenda ilegalmente e começaram a explorar a massa de camponeses pobres que moravam na vizinhança.

Ao saber desta informação os educandos da Colônia Gorki começaram a se organizar em destacamentos de trabalho para a ocupação real das terras. Os destacamentos entravam na fazenda e começavam a trabalhar para intimidar os kulaks. Seria com o trabalho no campo que se veria quem era o dono da propriedade. Mas o clima ficou tenso e os kulaks começaram a agredir os colonos com chicotes e os chamavam de ladrões e baderneiros.

Foi então que no dia 03 de outubro de 1923 os oitenta educandos da Colônia Gorki organizaram uma marcha visando a definitiva ocupação das terras de Trepke. Para realizar a marcha os educandos se colocaram em fileiras, cabeças erguidas, postura ereta, com uniformes de tecidos de chita novos, descalços para não causar má impressão diante dos velhos sapatos, empunhando as bandeiras de guerra feitas de seda, com oito tambores e quatro cornetas à frente e o grito de guerra: terra para quem nela trabalha! Marcharam até chegar em Trepke onde não encontraram nenhum tipo de resistência e então passaram a comemorar a verdadeira conquista da terra. Nesta marcha promovida pelos colonos estavam crianças, adolescentes e jovens que eram fãs do Exército Vermelho de Trotsky e das tropas do anarquista libertador da Ucrânia e aliado dos bolcheviques: Nestor Makhno.

Sobre as ocupações de terra o MST enfrenta mais dificuldades em relação aos colonos gorkianos no que concerne à ação estatal. Como já analisamos, no contexto histórico em que atua o MST o chamado Estado Democrático de Direito não cumpre com a Carta Política do Brasil que explana no início do ?art.184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social...?

Diferentemente da Colônia Gorki onde o Estado Soviético primeiramente concedia o direito de posse de terra e depois os colonos ocupavam a terra para ratificar este direito, na conjuntura atual os papéis se invertem: o MST primeiro tem que ocupar a terra para depois de muito tempo o Estado concedê-la ao Movimento ainda pagando uma indenização ao latifundiário, o que era totalmente impensável na Revolução Russa.

É bom ressaltar também que os militantes do MST, quando ocupam terras, sofrem o mesmo tipo de preconceito e discriminação por que passavam os educandos da Colônia Gorki. Também são chamados de ladrões e baderneiros pelos latifundiários e pelas seis famílias que controlam a grande mídia brasileira na tentativa de criminalizar o Movimento.

Sobre as marchas há uma pequena diferença, enquanto os educandos da Colônia Gorki marchavam em momentos festivos ou para ir ao encontro da terra, o MST marcha para reivindicar a reforma agrária e um novo projeto de desenvolvimento para o Brasil.

No que se refere à organização da marcha, há muitas semelhanças: as fileiras, as cabeças erguidas, a postura ereta, os uniformes do MST, as bandeiras vermelhas empunhadas, o espírito de cooperação e solidariedade, os gritos de guerra: Pátria livre, venceremos! Reforma agrária quando? Já! Todas estas ações da Marcha Nacional dos Sem Terra nos remetem à lembrança da marcha dos colonos gorkianos.

Não podemos deixar de ressaltar nesta especifica análise comparativa a Marcha dos Sem Terrinha, organizada pelas crianças e pré-adolescentes do MST, orientadas principalmente pelos professores/as da Ciranda Infantil. Ela também tem muitas das características da marcha dos educandos da Colônia Gorki, também marcham em fileiras, de cabeça erguida, carregam bandeiras do Movimento, tem seus gritos de guerra e são respeitados pelas autoridades que vão receber a pauta de reivindicações (que eles mesmos elaboram). Mas o que há de mais semelhante entre os Sem Terrinha e os educandos de Makarenko é a admiração pelo ?Exército Vermelho?, no caso dos Sem Terrinha, a admiração é especial, porque no ?Exército Vermelho do MST? marcham os heróis que fazem parte da mesma vida que a deles: seus próprios pais.

Pressão sobre os governantes

Novamente encontramos entre o MST e a Colônia Gorki de Makarenko fatos similares no que se refere ao modo de exercer pressão sobre os governantes.

Os educandos da Colônia Gorki sofriam com o rigoroso inverno russo e, no início da Revolução, o Estado racionava alimentação e vestimentas, distribuindo-as conforme a necessidade, aos hospitais, às crianças, aos idosos, etc. Sendo assim, os educandos se vestiam com roupas esfarrapadas e só comiam um mingau ralo.

Makarenko, diante da morosidade do Estado Soviético, adotou a tática de levar todos os educandos aos funcionários do Estado, numa espécie de ocupação de secretarias e ministérios para exigir melhoria na alimentação e roupas adequadas para suportar o inverno russo. Queriam apenas uma complementação para o mingau com o fornecimento do pão de centeio.

Mas como novamente o Estado demorou a atender esta reivindicação os colonos começaram a ameaçar uma revolta contra os governantes. Estes, pressionados, liberaram uma refeição forte baseada em pão, leite e muitas gorduras e chegaram a oferecer até supérfluos como carnes, defumados e balas.

O MST também adota a mesma tática de ocupar secretarias, institutos e ministérios para pressionar os governantes que prometeram melhorias aos Sem Terra. Como um nítido exemplo do MST nesta maneira de pressionar está a ocupação de INCRAs (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pelo país exigindo maior rapidez nos processos de desapropriação de terras e o cumprimento do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA).


2 -PAPEL DA EDUCAÇÃO NO MST E SUA PROPOSTA PEDAGOGICA

Que papel deve ter a escola no MST? Certamente esta é uma pergunta que a militância do MST se faz e ao longo desta construção histórica, nesta tentativa de saber qual de fato é o significado da escola para a luta social.
Vale dizer aqui que a nossa trajetória de luta foi nos mostrando que na luta por escola, descobrimos que a educação no MST é muito mais do que escola,ela é de fato a vida das pessoas organizadas em movimento lutando por ideiais de liberdade e construção de uma nova sociedade mais digna para todos.
Assim devemos nos perguntar  no momento atual o O que o MST quer com a escola?Qual a nossa trajetória?Qual o nosso fazer pedagógico?Por que lutamos por escola?Por qual escola lutamos?Como fazer esta escola do campo diferente?Que tipo de conhecimento deveu priorizar?Como levar adiante estas disputas cotidianas?
2.1 -A ORGANIZAÇÃO E OS OBJETIVOS DA ESCOLA DO MST

A Escola do MST é uma Escola do Campo, vinculada a um movimento de luta social pela Reforma Agrária no Brasil. Ela é uma escola pública, com participação da comunidade na sua gestão e orientada pela Pedagogia do Movimento.
A Escola do MST é aquela que se faz lugar do movimento destas Pedagogias, desenvolvendo atividades pedagógicas que levem em conta o conjunto das dimensões da formação humana. É uma escola que humaniza quem dela faz parte. E só fará isso se tiver o ser humano como centro, como sujeitos de direitos, como ser em construção, respeitando as suas temporalidades.
Para realizar a tarefa educativa de humanização é preciso perceber e levar em conta os ciclos da natureza e, de forma especial, os ciclos da vida humana com os quais estamos convivendo e queremos ajudar a formar.
É preciso também que a escola aceite sair de se mesma, reconhecendo e valorizando as práticas educativas que acontecem fora delas. (Caderno de Educação nº09, 1999).
Educação não é sinônimo de escola. Ela é muito mais ampla por que diz respeito à complexidade do processo de formação humana, que tem nas práticas sociais o principal ambiente dos aprendizados de ser humano. No entanto, a escolarização é um componente fundamental neste processo e um direito de todas as pessoas. Desde os primeiros acampamentos e assentamentos esta é uma das lutas do MST.
Desde o começo do MST existiu a luta pela criação de escolas nos próprios assentamentos. Primeiro, por uma intuição de que isso também era um direito, e pela consciência de que se as escolas não fossem nos assentamentos, muitas crianças continuariam fora delas. Aos poucos esta exigência foi se tornando uma convicção, um princípio do MST.
Estudar na cidade, só em último caso. Considerando-se que a educação no meio urbano prepara o filho do agricultor para sair do assentamento, já o ensino nas escolas dos assentamentos do MST deve preparar os estudantes para ficar e transformar o meio rural.
Por isso o Movimento passou a trabalhar por uma identidade própria da escola do campo, com um projeto político e pedagógico que fortaleza novas formas de desenvolvimento no campo, baseadas na justiça social, na cooperação agrícola, no respeito à vida e na valorização da cultura camponesa.
           Ao dizer escolas de assentamento ou de acampamento, o movimento está afirmando a necessária vinculação da escola com a realidade local e o desafio de participar efetivamente da solução de seus problemas. Ao dizer escola do MST, afirma-se a relação que a escola deve ter com a luta pela Reforma Agrária, que vai além das questões localizadas em cada assentamento. Ao dizer escolas do campo, estão assumindo um vínculo mais amplo com o destino do conjunto dos camponeses ou dos trabalhadores do campo, o que exige da escola que também leve novas questões à comunidade, ajudando em seu engajamento a um projeto mais amplo, históricos, de futuro. Em qualquer das expressões para se designar a escola, pretende-se a construção de uma identidade. Não basta ter escola no assentamento; ela tem que ser uma escola no campo; tem que ser uma escola do campo, que assuma as causas e a cultura de quem ali vive e trabalha.

2.2 PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO NO MST
É importante destacar os Princípios Filosóficos e Pedagógicos da Educação do MST, os quais norteiam todo processo educacional, ou seja, também são, automaticamente, os princípios deste projeto. De acordo com o Caderno de Educação nº08 do MST- 1996, podemos destacar:

2.2.1. PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS
      Dizem respeito a nossa visão de mundo, nossas concepções mais gerais em relação à pessoa humana, à sociedade, e ao que entendemos que seja educação.
1.   Educação para transformação social;
2.   Educação para o trabalho e a cooperação;
3.   Educação voltada para as várias dimensões da pessoa humana;
4.   Educação com/para valores humanistas e socialistas;
5.   Educação como um processo permanente de formação/transformação humana.

2.2.2 PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS
      Referem-se ao jeito de fazer e de pensar a educação, para concretizar os próprios princípios filosóficos.
1.   Relação entre prática e teoria;
2.   Combinação metodológica entre processos de ensino e de capacitação;
3.   A realidade como base da produção do conhecimento;
4.   Conteúdos formativos socialmente úteis;
5.   Educação para o trabalho e pelo trabalho;
6.   Vinculo orgânico entre processos educativos e processos políticos;
7.   Vínculo orgânico entre processos educativos e processos econômicos;
8.   Vínculo orgânico entre educação e cultura;
9.   Gestão democrática;
10   .Auto-organização dos/das estudantes;
11      Criação de coletivos pedagógicos e formação permanente dos educadores/das educadoras;
12   Atitude e habilidade de pesquisa;
13   Combinação entre processos pedagógicos coletivos e individuais.

2.3 PERFIL DO EDUCADOR/A
Para ser Educador ou Educadora numa escola como esta é preciso ser apaixonado/a pela educação, conhecedor/a da realidade do campo e sensíveis aos seus problemas; a favor da Reforma Agrária, lutadora do povo e amiga ou militante do MST. É preciso se desafiar a compreender a história do MST e a conhecer as marcas deste movimento, que é político e pedagógico ao mesmo tempo. Isto implica em procurar entender a cada dia os traços do MST que em seu movimento constrói a sua identidade: o ser Sem Terra.
Isto exige: sensibilidade humana e abertura para reeducar nas relações os seus valores; disposição de participar de um processo construído coletivamente pelas educadoras e educadores nele inseridas e inseridos, com a participação ativa dos educandos e educandas de toda a comunidade; capacidade de trabalho cooperado de ser um coletivo educador; romper com a visão de repasse de conteúdos e se desafiar a trabalhar saberes e o tratar pedagogicamente a luta, o trabalho, a vida como um todo.

2.4  PERFIL DO EDUCANDO/A
Nossos Educandos e Educandas são crianças, adolescentes e ou jovens (com sua temporalidade própria), do campo (com saberes próprios) e do MST (herdeiros da identidade Sem Terra em formação).
Eles precisam ser desafiados pelas educadoras e educadores a se auto-organizar, com autonomia, em sua sala de aula e, se optarem, como Escola.
Participar das Mobilizações dos Sem Terrinha e dos Jovens Sem Terra, das lutas por Educação e Escola do Campo e para o Campo. Refletir sobre o sentido e o porquê destas lutas e contribuir no repasse de informações para as famílias. Também, participar dos Concursos Nacionais do Setor de Educação e de outras iniciativas do MST como um todo.

2.5 DESAFIOS DA ESCOLA DO MST NA ATUALIDADE
    
 MST a escola é fundamentalmente uma construção histórica – lutas, conflitos, vitorias e derrotas; é também espaço institucionalizado, governamental é Lugar de conflitos e disputas de projetos,traz consigo as marca das contradições no campo marcada pelas investidas do capital;
           Esta escola é heterogênea, sendo espaço de disputas de conceitos e ideias, mas também pode ser, espaço de construção de identidade;espaço de lutas sociais;de formação humana;de desvendamento da realidade e a da alienação e finalmente de ressignificação da construção do conhecimento cientifico e popular;
         Dentre os principais desafios do fazer pedagógico das escolas de assentamentos e acampamentos podemos citar
v  A organização pedagógica deve ser construída a partir da realidade contextualizada do educando;
v  Deve estar voltada á um projeto estratégico de desenvolvimento dos assentamentos;
v  Deve ter na sua orientação pedagógica referenciais que nos ajudem a desvendar de fato a realidade camuflada das coisas;
v  Deve ter como principio o estudo do movimento da realidade e de como as contradições sociais aparecem;
v  Tudo que envolve o real;
v  Tudo que existe fora da mente ou dentro;
v  A realidade é construída pelo sujeito ela não é dada pronta para ser descoberta;
v  Todas as informações que existe em nossa volta produzida pelos nossos sentidos;
v  Precisa ter em seu ideial as questões sociais;
v  Esta escola precisa se envolver nos problemas cotidianos;
v  Tudo que os educandos estudam precisa estar ligado com a sua vida prática, com as necessidades concretas;
v    Todo conhecimento que os educandos vão produzindo na escola devem servir para que elas entendam melhor o mundo em que vivem, o mundo da escola, da família, dos assentamentos, município, do MST,DO MUNDO EM MOVIMENTO...
v    Precisamos romper com a educação tradicional que organiza um currículo em torno de conteúdos retirados dos livros, projetos.. Sem vínculo com a realidade.
v  Precisamos estar organizado em nosso setor de educação;
v  Um dos grandes segredos do nosso trabalho é o planejamento – refletir antes de agir – avaliação durante e depois;
v  Ter bem claro os objetivos da escola a curto, médio e em longo prazo;

v  Transformar a realidade contextual em temas geradores

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